segunda-feira, 21 de agosto de 2017

EU NASCÍ DE NOVO - CITAÇÃO - PART 01

Eu já tentei me matar. Na verdade, eu já me sentia morta a muito tempo. Eu não tinha amigos. Era sempre sozinha. E na escola, eu sempre fui a excluída de tudo.  Eu também era motivo de zoação sabe? Sim, eu era motivo de risadinhas pelos meus colegas de classe e, também, eles sempre me apelidavam... Seca, magrela... me chamavam de inútil. Para eles, eu não passava de uma garota estranha, esquisita. Eles não me aceitavam. Sempre que eu tentava me aproximar e me enturmar com as meninas da minha sala, elas saiam de perto, se afastavam e iam conversar em outro lugar. Sempre faziam de conta que eu nem estava ali.

Na medida que o tempo passava, as coisas só pioravam. Eu sentia que aquele não era o meu lugar. Eu não me sentia bem. Na verdade, eu já não conseguia me sentir bem em lugar algum. Eu tentava não demonstrar que aquelas coisas me afetavam, então, eu engolia o choro e colocava um sorriso no rosto, fingindo estar tudo bem. Mas quando eu chegava em casa, me trancava no banheiro e deixava cair as lágrimas que eu havia segurado a tarde inteira. Ninguém consegue ser forte o tempo todo. Sempre tem algum momento em que precisamos desabar e derramar toda a dor e sofrimento em forma de lágrimas.

Eu me olhava no espelho e não gostava do que o mesmo refletia. Eu passei a me sentir um horror. Sim, eu passei a acreditar neles. Eu coloquei na minha cabeça que eu não era digna de ser amada e que eu tinha que viver sozinha, isolada de tudo e de todos. E foi aí que eu decidi me afastar completamente. Eu me afastei até dos meu pais. Eles sempre perguntavam se estava tudo bem comigo. E eu dizia que sim. Mas eles não faziam ideia do tanto de dor e sofrimento que eu escondia atrás de um sorriso. Eu não sabia como contar a eles o que eu estava sentindo e o que vinha acontecendo, então, resolvi guardar tudo aqui dentro.
Seria tão bom se a gente pudesse despejar toda a dor dentro de um potinho e jogá-la no mar. Deixar a onda levar. Para bem longe de onde poderíamos estar...

Eu não aguentava mais viver assim. Isso estava me matando aos poucos. A cada dia. Eu me olhava no espelho e perguntava a mim mesma, o que havia de errado comigo.
Eu comecei a pensar na morte. Comecei a pensar que a morte era a solução para todos os meus problemas. Ora, ninguém sentiria minha falta. Ninguém se importa. Para que viver? Para ser infeliz, chorar todos os dias e me esconder atrás de sorrisos falsos e depois explodir por causa disso tudo? Ora, eu não pedi para nascer.

Eu não aguentava mais chorar. Os meus olhos ardiam e as lágrimas já não eram mais o suficiente para de alguma forma eu me sentir aliviada. Foi aí, que surgiu o primeiro corte. Depois o segundo. O terceiro. O quarto... e assim sucessivamente. E com o passar do tempo, isso também deixou de ser o suficiente para matar a minha tristeza. Eu não sentia mais dor no corpo ao fazer minhas séries de automutilações. Eu sentia dor no coração. Na alma. Como havia sentido nos últimos meses ou até mais forte do que antes.

E foi aí, que eu vi que nada mais era suficiente para acabar com a minha dor. Exceto, a morte. O meu corpo precisava de um descanso. Os meus olhos precisavam fechar-se e descansar de tantas lágrimas derramadas. Aquilo já havia passado dos limites e já não havia mais espaço para a dor. Eu estava explodindo por dentro. Eu deveria ser mais forte. Eu deveria suportar todas aquelas coisas. Mas eu não conseguia. Parei na frente do espelho e disse para mim mesma que me odiava.


Eu peguei a lâmina que estava em cima da pia e passei a na lateral do meu pulso. E dessa vez, não foi um corte como os outros. Eu quis causar um estrago maior. Um estrago que me deixasse aliviada de tudo.  Vi pingos de sangue espalhados pelo chão enquanto uma parte do meu pulso estava aberto.  Pensei ‘’Acabou!’’.
Se eu sentir dor? Não, eu não senti. Por que a dor que estava aqui dentro de mim era muito mais forte do que a dor de qualquer corte.
Ainda lembro de ter visto o meu pai desesperado me colocando em teus braços, mas, depois disso, não vi mais nada.
Acordei no hospital com alguns enfermeiros ao meu redor, olhei para o meu braço e só aí me dei conta do tanto de cicatrizes que eu tinha. E agora, mais uma. Só que esta, sendo costurada.
Eles diziam que por um milagre eu consegui escapar. O famoso ‘’nasceu de novo’’.
Fechei os olhos novamente. Eu só queria dormir e por alguns segundos esquecer aquilo tudo ou lembrar de algum momento feliz. Mas eu não sabia mais qual a sensação que a felicidade era capaz de transmitir
                                                             




sexta-feira, 11 de agosto de 2017

DEBAIXO DA MESMA LUA

Estamos tão perto e ao mesmo tempo, tão distantes. 
É como se fôssemos a lua e o sol. Como se estivéssemos no mesmo céu e mesmo assim não conseguíssemos ir ao encontro um do outro. É como se algo estivesse conspirando a favor do nosso desencontro.
Minha cama está tão vazia. Minha vida está tão vazia. Resta um espaço enorme aqui. Um espaço que só você é capaz de preencher. Eu preciso de você. Preciso que você segure a minha mão e deite aqui ao meu lado. Me abraça?
Sei que em algum lugar desse mundo você está ouvindo a nossa música. Está pensando em mim. Eu estou pensando em você.
Porque você partiu? Volta e me traz uma rosa. Fica. Nossos corações estão unidos. O amor nos uniu.
Estamos debaixo da mesma lua. Observando as mesmas estrelas. Olhando o mesmo céu. Mas você não está aqui comigo. Você está em algum lugar desse mundo. Está esperando por mim. Eu estou esperando por você. Então, volta. Volta e fica aqui ao meu lado. Eu preciso de você. Minha vida está tão vazia. Eu preciso de você aqui.
Eu não quero um outro alguém. Eu não quero um outro alguém que faça as mesmas coisas que fazia. Que me faça carinho do mesmo jeito que você fazia. Eu não quero um outro alguém que me ame da mesma forma que você me ama. Porque ainda assim, ele não seria você.
Você é único. Você é o único para mim. Então, volta. Volta e fica. Volta e me traz uma rosa. Volta e me envolve em todo o teu amor. Eu preciso de você.
Estou ouvindo a nossa música. Estou olhando as nossas fotos.
Perdoa os meus erros. Os meus vacilos. As minhas paranoias e crises de ciúmes. Mas volta. Eu estou esperando por você. Me diz, me diz aonde você está que eu vou agora correndo te encontrar. Vamos nos beijar e fazer o mundo parar. Eu preciso de você. Volta, por favor, volta e fica. Fica aqui comigo. Vamos fugir e esquecer o resto do mundo. Vamos nos beijar enquanto o mar namora o luar. Eu preciso de você. Me dá um sinal. Uma pista de onde você pode estar. Por favor, me diz, que eu vou correndo te encontrar.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

AINDA AMO VOCÊ

Encontrei a tua irmã um dia desses no mercado. Ela não te falou? Não conversamos por muito tempo. Mas esse pouco tempo em que conversamos, foi o bastante para eu saber de você. Ela disse que você está namorando uma garota que trabalhou contigo. É verdade? Ah, ela também me disse que você trancou a faculdade. Disse que você pensou melhor e que aquilo não é para você. Eu sempre disse isso, lembra? Pois é.
Ah, sempre passo por aquela praça que costumávamos ir. Você gosta dela por conta das árvores não é? Eu nunca esqueci disso. Lembro que foi lá o nosso primeiro beijo e que você escreveu nossas iniciais no caule de uma daquelas árvores e elas estão lá até hoje. Acredita que acabei virando fã daquela saga que você tanto gosta? Que bizarro né. Logo eu, que sempre recusei fazer maratona dela.
Lembra que ficávamos horas discutindo sobre qual filme iríamos assistir ou se iríamos pedir pizza ou lasanha para o jantar no final de semana? Lembra que ficávamos até tarde fazendo planos para nossa vida depois de casados? Quantos filhos iríamos ter e como e onde iria ser a nossa casa? Lembra da primeira vez que dormimos juntos e no dia seguinte fomos de pijama para a lanchonete da esquina?
Pois é, eu sempre fico lembrando dos nossos momentos e me pergunto se ainda teríamos chance.
Eu tive muita raiva quando você decidiu pôr um fim na nossa relação. Eu queria te apagar da minha memória, te arrancar daqui de dentro de mim. Eu comecei a espalhar por aí que você não presta. Que você não passa de um moleque sem noção. Mas no fundo, eu sabia que eu estava errada. Eu culpava nós dois e todo o universo pôr a gente não ter dado certo. Era como se o mundo inteiro estivesse conspirando contra o nosso amor. Eu jurava que você não teria coragem de sair por aquela porta e nunca mais voltar. Até que você saiu. Fiquei sentada na varanda assistindo um bom filme com uma bandeja de pipoca no colo. Esperando alguém bater na porta e quando eu abrisse, você estaria lá. Mas, não foi isso que aconteceu. Por que você não voltou e quando eu te liguei, você não atendeu. Liguei uma, duas, quatro, oito vezes e nada. E foi aí que eu me dei conta de que havia te perdido para sempre.  A cada 5 minutos eu desbloqueava o celular esperando uma mensagem sua, e nada.
Quando o telefone tocava, eu torcia para ser você. Mas era só minha mãe ligando para eu tirar a carne da geladeira ou minhas amigas me chamando para ir a alguma festa. Pensei que elas tinham razão. Sair da rotina e me divertir um pouco iria me fazer bem. Arrumei meu cabelo e coloquei o vestido mais curto que eu tinha. Eu me divertir. Dancei, bebi, tirei fotos e postei no Instagram só para todos verem que eu estava bem sem você. E aí eu fiquei com alguns caras na tentativa de te esquecer.

Mas o beijo deles, não eram tão bons quanto os teus. Eu cheirava o pescoço deles e sentia falta do teu perfume. Eu chegava em casa e passava o resto da madrugada chorando e pensando em você. E foi assim por alguns longos meses. Até que me acostumei com tua ausência. Agora quero viajar, conhecer o mundo, ter um bom emprego e reconstruir minha vida. Talvez ao lado de um novo amor. Não sei. Quero dar um tempo para cicatrizar a ferida que você deixou. Talvez não seja você o dono do meu coração ou o motivo do meu sorriso daqui a uns 6 ou 8 meses ou até mesmo daqui a alguns anos. Mas saiba que você foi dono dele por muito tempo. Provavelmente não será você o cara de terno que irá me dizer sim no altar e colocar uma aliança no meu dedo. Mas saiba que por muito e há muito tempo, eu desejo você como pai dos meus filhos. Não vou dizer que já te esqueci, por que como você pôde ver, está bem claro que não. Também não vou dizer que estou feliz sem você. Por que no momento, isso não é verdade. Mas um dia, eu vou lembrar de você e irei te ver apenas como um bom moço do meu passado que me fez feliz por um determinado tempo e irei dizer ‘’eu consegui superar’’.